Não conheço a Casa da Música, fica distante e nunca se proporcionou, mas diz quem lá esteve que é uma casa de encantar.
Conheço, no entanto, a minha casa da música, ali na 5 de Outubro, vulgo avenidas novas da nossa capital, onde por mero acaso me dirigi a conselho de um velho conhecido do anfitrião.
Tive o grato prazer de encontrar simpatia e "know-how" e onde sempre que entrava se escutava música que fazia vibrar, cruzava-me com várias pessoas ali e sempre com esse mesmo interesse, a música.
Ninguém diria que daquele espaço exíguo, mas seguramente bem desenhado, pudessem sair aqueles acordes de se lhe tirar o chapéu, quer fosse do blues ao rock ou do jazz ao soul, sempre com a mesma emoção.
Por essa altura eu teria em minha casa um pequeno conjunto de equipamentos musicais de que gostava e me proporcionavam prazer ao ouvi-los tocar, um gira-discos, um amplificador integrado e colunas, nada do outro mundo, mas ainda assim tocavam bem.
Um dia resolvi levar o meu amplificador até à minha casa da música, a conselho escutá-lo e a mais dois ou três, para efeitos de comparação e então percebi que havia outros que tocavam e sobretudo um que cantava.
Era até o mais insuspeito de todos de design espartano e marca desconhecida, mas o que dizer a seu desfavor, acho que nada pois se era este que cantava e que ainda hoje canta na sala da minha própria casa, coadjuvado por uma caixas que escolhi também na minha casa da música após ter feito a audição de uns três pares e que me abstenho de classificar, apenas não me canso de as ouvir cantar aqui na minha sala.
Vi depois transformar-se sempre para melhor a minha casa da música e até nascer um segundo local de culto musical, numa pequena transversal daquela, mas já com espaços que permitiram a evolução daquilo já de si excepcional.
Visitei este segundo espaço numa fase embrionária, mas onde era já possível ver o cuidado com que estavam a nascer as novas salas e onde pude presenciar a emoção transmitida pela música que já então aí cantava.
Agora o pior disto tudo é que ouvi dizer que nesse novo espaço, agora já optimizado, passaria música de encantar e tendo recebido um convite para o visitar não sei qual será a minha reacção, estou até receoso, mas resolvi aceitar.
Estou convencido que tal como alguns que visitaram a Casa da Música e se deixaram encantar, eu sairei da minha casa da música igualmente encantado.
Autor: O nosso cliente e amigo, Pedro Maximino.